É um dia normal na casa da família Fernandez. O pai e a mãe acabaram de chegar do trabalho, cumprimentam os filhos como de costume, mas quando entram no quarto de Mariana, ficam surpresos. Ela está com uma maquiagem impecável, vestindo uma microssaia, usando uma bolsa minúscula e saltos tão altos, que é difícil calcular quantos centímetros ela parece mais alta.
Tendo apenas 13 anos de idade, ela age como se fosse uma adulta, independente, com pleno direito de sair com as amigas na sexta-feira à noite, em vez de fazer o dever de casa e dormir as horas necessárias para ir à escola descansada pela manhã.
As meninas não ficam mais bonitas se parecerem adultas
O que está acontecendo? Quando ela começou a agir assim? A culpa é do ambiente em que está inserida ou dos pais, que não perceberam suas constantes mudanças de atitude?
Em minha opinião, eles abriram os olhos um pouco (ou talvez muito) tarde e, sem que percebessem, acabaram encorajando-a a correr antes de ensiná-la a andar.
Desde que era bem pequena, eles mostraram a ela como é bom parecer adulto: acharam fofo quando a viram beijando um coleguinha do jardim de infância; para que parecesse mais glamorosa, davam-lhe bolsinhas que combinavam com suas roupas e esmaltes; fizeram de tudo para fazê-la parecer uma princesa, antes mesmo que ela pudesse escrever seu próprio nome e sobrenome.
Por que, então, deveria nos surpreender o fato de que hoje, aos 13 anos, ela gaste metade da sua mesada em roupas, e a outra metade em maquiagens e esmaltes?
As crianças têm uma incrível capacidade de adaptação ao ambiente, e hoje, mais do que nunca, estão superexpostas a estímulos que as convidam a serem pessoas “perfeitas”. As campanhas publicitárias têm como foco de fazê-las acreditar que ser magro e atraente é suficiente para ganhar a vida, induzindo-as a pular etapas de seu desenvolvimento psicológico, físico e emocional.
É aqui que entram em jogo as competências dos pais para proteger sua infância e direito de ser uma criança que explora o mundo, de acordo com a idade que têm, e não as que a sociedade, a publicidade e os paradigmas lhe impõem.
Em razão disso, compartilho a seguir algumas dicas que podem ser úteis para evitar que seus filhos apresentem comportamentos precoces, como ocorreu com Mariana, daqui a alguns anos, ou talvez antes:
1. Não apresse as fases
Desde o momento em que nascem, os pequenos são obrigados a cumprir certos parâmetros: dormir à noite toda, comer de tanta em tantas horas, medir e pesar dentro da curva de desenvolvimento.
Largar a fralda é uma etapa, não uma obrigação, a partir dos 2 anos. É preciso aprender a identificar o momento certo de estimular nossos filhos a avançar para a etapa seguinte.
2. Estabeleça limites
Eles não devem ter sempre o que desejam, mas devem trabalhar para isso. Aprenda a dizer “não’ quando necessário e incuta hábitos que lhe permitam desenvolver-se em harmonia com a sociedade.
3. Não colabore para que se comportarem como adultos
Evite dar-lhes produtos desnecessários ou inadequados para sua idade. Esqueça maquilhagem, celular e acessórios que contribuam para que pareçam miniadultos.
4. Controle seu tempo de lazer
Ajude-os a ter experiências de vida que os ajudem a se lembrarem da infância como uma bela fase. Deixe-os brincar na terra e explorar o jardim. Mostre como funciona o ambiente em que vivem. Planeje mais atividades em família, sua participação em oficinas, atividades esportivas e contato com a natureza.
Nunca permita que seus filhos primeiro corram para depois caminharem, pois cada etapa guarda algo maravilhoso para ser lembrado. Eles precisam viver cada uma delas, sem pressão, para que possam crescer no próprio ritmo e viverem a infância de forma plena.
Fonte: Família