O Nuclear Spectroscopic Telescope Array (NuSTAR), telescópio espacial da NASA, observou, em Júpiter, o que a agência chamou de “mais poderosa energia de luz” vista no nosso sistema solar, tirando as emissões da Terra.
De acordo com os dados, a emissão energética — que corresponde a uma ampla dispersão de raios-x — nos levou a compreender outro mistério. Em 1992, quando a sonda Ulysses passou por Júpiter, não viu nenhuma emissão do tipo — e agora sabemos o motivo.
Para entender esse fenômeno, é importante entrar no “tecniquês” da ocasião: as auroras de Júpiter são capazes de produzir raios-x de baixa energia. Isso ocorre porque os íons que chegam ao planeta gasoso a partir de sua lua vulcânica Io são acelerados pelo seu campo magnético em direção aos polos, onde as auroras ocorrem. A sonda Juno, também da NASA, revelou, em 2016, que os elétrons de Io também interagem com esse mesmo campo, levando à suspeita de que Júpiter pudesse emitir raios-x bem mais poderosos por meio deles.
E foi isso que o telescópio da NASA identificou ao observar Júpiter: “é bem difícil para um planeta gerar raios-x na faixa de intensidade detectada pelo NuSTAR”, disse Kaya Mori, astrofísica da Universidade de Columbia e autora do novo estudo. “Entretanto, Júpiter tem um campo magnético gigantesco, e ele gira muito rapidamente. Essas duas características significam que a ‘magnetosfera’ do planeta age como se fosse um grande acelerador de partículas, e é isso que torna possível essas emissões de grande energia”.
Em outras palavras: sabe o Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, em Genebra, na Suíça? Imagine que Júpiter tem um muitas vezes maior que ele, só que natural.
O que nos leva à solução do mistério da sonda Ulysses — e, sinceramente, é a explicação mais simples possível: em maiores níveis de energia, raios-x ficam mais e mais difíceis de serem vistos. Por isso, quando a Ulysses passou por Júpiter, ela não viu nada — nenhum tipo de raio-x —, simplesmente porque as emissões de Júpiter estão fora da capacidade de detecção dos instrumentos que ela tinha na época.
Os detalhes da descoberta foram descritos no jornal científico Nature Astronomy.
Fonte: Olhar Digital